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O que é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?

Atualizado: 16 de jun. de 2023

A Síndrome dos Ovários Policísticos é um distúrbio hormonal e uma causa comum e tratável de infertilidade feminina. Os três principais sintomas característicos de desequilíbrio hormonal envolvidos na doença são:


  • hiperandrogenismo (níveis aumentados de testosterona principalmente, podendo ser identificado no exame de sangue e/ou em sinais clínicos);

  • menstruação e ovulação irregulares (períodos sem menstruar, com menstruação muito intensa ou sem frequência regular de sangramento);

  • cistos no ovário;


Mas apesar desses três, é inegável que a condição feminina vai bem mais a fundo que isso e pode impactar de diversas maneiras a vida da mulher. Quando não tratada de verdade, além da infertilidade, a longo prazo pode levar a doenças cardiovasculares, câncer endometrial, diabetes e outras.


Entendo que muitas mulheres tem dificuldade em encontrar um ponto de apoio para compreender a doença e que não querem se render simplesmente aos anticoncepcionais no seu tratamento. Por isso, separei um apanhado lindo de informações para que encontre aqui tudo que você precisa saber sobre a SOP, procurando usar a linguagem mais simples possível.


As informações que escrevo aqui tem como base cursos de especialização em saúde da mulher que já fiz, estudos pessoais de artigos científicos e literatura estrangeira de especialistas que trabalham na área, além da minha experiência clínica em atendimento de pacientes com SOP.


Para me apresentar, me chamo Caroline Bilro e sou Nutricionista com foco em saúde da mulher. Venho me especializando na área de fertilidade, principalmente voltada para o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos e Endometriose. Muito prazer!


Quais os sintomas da Síndrome dos Ovários Policísticos?


(além dos já citados)


  • Crescimento excessivo de pelos de espessura mais grossa no rosto, queixo, barriga ou em partes do corpo que homens costumam ter - essa condição é chamada de hirsutismo;

  • Acne grave, de início tardio e persistente, podendo estar na face, tórax ou parte superior das costas;

  • Queda de cabelo ou mudança da sua espessura (geralmente, passam a ser finos) - condição chamada de alopécia;

  • Ganho de peso, agravamento da obesidade ou dificuldade em perder peso, principalmente na cintura (a circunferência abdominal acima de 80 cm em mulheres é considerada como risco aumentado para eventos cardiovasculares pela Organização Mundial de Saúde);

  • Dor na região pélvica, como cólicas;

  • Pele oleosa e/ou couro cabeludo oleoso - condição chamada de seborreia;

  • Escurecimento da pele ou de marcas da pele, principalmente em pescoço, virilha, debaixo dos seios e braços, sinal clínico de resistência à insulina - condição chamada de acantose nigricans;

  • Dificuldade fértil - com as alterações hormonais, as mulheres passam a ovular de maneira inadequada;


Em geral, também causada pelas alterações hormonais, a formação do folículo ovariano fica comprometida, gerando folículos enrijecidos que não conseguem se desprender da região. Assim, os óvulos não conseguem amadurecer da forma correta para serem liberados, caracterizando os ovários poli(= vários)císticos(= cistos), o que impacta na irregularidade da menstruação. Por isso, o nome da síndrome.


Em uma mulher não portadora da síndrome, os cistos também podem aparecer durante o processo normal de ovulação, mas desaparecem com o ciclo menstrual. Na portadoras de SOP, por não desaparecerem, modificam a estrutura ovariana, aumentando o órgão.


Hoje em dia, o nome está sendo debatido pela comunidade médica: você vai ver aqui que não necessariamente precisa ter cistos nos ovários para ter a síndrome e que, na realidade, essa condição tem ponto de partida metabólico. Por isso, a denominação que mais tem se encaixado é Síndrome Ovariana Metabólica (SOM).



Quais exames detectam a Síndrome dos Ovários Policísticos?


  • Ultrassom: geralmente é realizado via transvaginal e, por isso, em virgens esse exame é impossibilitado. Para diagnóstico, é levado em consideração o volume ovariano (> 10cm³), a textura do ovário e a presença dos cistos. A presença de 12 ou mais cistos em cada ovário, medindo de 2 mm a 9 mm, sugere o diagnóstico que deve ser feito pelo seu médico ginecologista.

  • FSH (cerebral) e LH (ovariano): a relação entre esses dois hormônios em mulheres com SOP geralmente é > 3.

  • T3, T4, T4 livre e TSH: hormônios tireoidianos que podem estar diminuídos em mulheres com SOP (hipotireoidismo), impactando na piora metabólica da síndrome, além de dificultar a perda de peso.

  • Anti-tpo: para uma avaliação mais completa da saúde tireoidiana;

  • Hormônio anti mulleriano: é indicativo de envelhecimento ovariano e é comum que nesse caso estejam altos

  • Prolactina: hormônio normalmente aumentado em mulheres com a condição, levando a alteração da regularidade menstrual. Em condições normais, esse hormônio fica aumentado em mulheres que estão amamentando.

  • Insulina e curva glicêmica: a insulina é um hormônio que "autoriza" a entrada da glicose nas células, diminuindo o "açúcar" no sangue e gerando energia para o corpo. No entanto, na SOP geralmente há um dificuldade de ocorrer essa sinalização hormonal para a célula, tornando a glicose, que antes ficaria no interior das células, livre na corrente sanguínea. Esse é um dos principais motivos para a cascata de consequências da SOP não tratada. Insulina > 5,0 e curva glicêmica > 4,5 são indícios de resistência insulínica.

  • Vitamina D, B12, B9: é comum estarem baixas, impactando na resistência à insulina, fertilidade e disposição;

  • Homocisteína: quando alta, pode impactar em outros nutrientes essenciais para o tratamento da SOP;

  • Hormônios androgênios:


a) Testosterona e testosterona livre: hormônio responsável pelas características masculinas, apesar de os ovários, quando em condições normais, também produzirem, mas em baixa concentração.


b) SDHEA, SHBG e Cortisol;


*esses são alguns exames prescritos, mas o profissional que faz o seu acompanhamento é quem deve avaliar a necessidade destes ou outros.


Como é diagnosticada a Síndrome dos Ovários Policísticos?


Ao se consultar com um médico endocrinologista ou ginecologista, serão avaliados os critérios baseados no Consenso de Rotterdan (2003), o qual preconiza que a paciente portadora da síndrome precisa ter pelo menos dois dos três critérios abaixo:


  1. Hiperandrogenismo nos exames de sangue (testosterona aumentada) e/ou na avaliação clínica (acne grave, hirsutismo, seborreia, alopécia)

  2. Ciclos menstruais com intervalos irregulares, anovulatórios ou longos

  3. Ovários com característica policística

Por isso, o diagnóstico pode ser pautado em mulheres com as características dos pontos 1 e 2, 1 e 3, 2 e 3 ou 1, 2 e 3. Mas é importante ter um médico de confiança nesses momentos para avaliar o seu caso e excluir a possibilidade de outras doenças com sintomas/ sinais parecidos.


Por causa disso a SOP é dividida em subtipos de acordo com as características manifestadas pelas portadoras:


a) Subtipo A (mais clássico): Ciclos menstruais irregulares, hiperandrogenismo e ovários policísticos

b) Subtipo B: Ciclos menstruais irregulares e hiperdrogenismo

c) Subtipo C: Hiperandrogenismo e ovários policísticos

d) Subtipo D: Ciclos menstruais irregulares e ovários policísticos


Essa é a explicação de ser uma síndrome: um conjunto de critérios é que caracterizam o diagnóstico da doença.


Qual é o tratamento para Síndrome dos Ovários Policísticos?


Os tratamentos convencionais da SOP geralmente incluem medicamentos hormonais (para diminuir a cascata androgênica) e hipoglicemiantes (para diminuir a glicose no sangue). No entanto, estes ajudam a controlar apenas os sintomas da condição e não vão até a raiz do problema.


Por isso, é preciso levar em consideração os riscos das complicações futuras da doença mal tratada: dificuldade em engravidar, complicações durante a gestação para a mãe, programação metabólica do bebê (a mãe metabolicamente desequilibrada pode aumentar o risco do bebê se tornar uma criança obesa, que tenha probabilidade de ser hipertenso, entre outras características), baixa autoestima levando a ansiedade e depressão, desenvolvimento de apneia do sono (aumentando risco para obesidade e piora dos sintomas da síndrome), baixa libido e tantas outras consequências.


É importante que saiba que os medicamentos podem ser utilizados dentro de um plano de tratamento, mas que não são as únicas estratégias a serem traçadas. É necessária uma abordagem mais completa para que, de fato, o tratamento seja efetivo.


Em alguns casos excepcionais, é indicado o tratamento cirúrgico através da videolaparoscopia. São feitos pequenos furos nos ovários para diminuir o seu tamanho e melhorar o quadro ovulatório. No entanto, pode levar à formação de aderências entre os órgãos pélvicos (útero, bexiga, tubas e intestino).


Quais são os alimentos para Síndrome do Ovário Policístico?


A base do tratamento para a SOP é a mudança do estilo de vida. Dentre elas, a reeducação alimentar e as estratégias nutricionais. Assim, há perda de peso, otimização da cascata hormonal, diminuição da resistência à insulina, regulação da glicose sanguínea, nutrição do ambiente fértil feminino, diminuição dos riscos metabólicos para a mãe e para o bebê e aumento da qualidade de vida da mulher.


A base do passo a passo para tratar nutricionalmente a SOP é:


  1. Equilibrar a saúde intestinal;

  2. Substituir alimentos industrializados por comida de verdade (fresca);

  3. Evitar alimentos ricos em farinha refinada (farinha de trigo, por exemplo);

  4. Inserir alimentos de baixo índice glicêmico (que impactam menos na glicose sanguínea);

  5. Aumentar a oferta de antioxidantes na estratégia nutricional (alimentos, chás e suplementos);

  6. Melhorar o aporte proteico de boa qualidade da rotina alimentar (proteína animal e vegetal);

  7. Induzir a um ambiente anti-inflamatório (com suplementação e alimentação);

  8. Melhorar a qualidade e equilibrar a quantidade de gorduras consumidas;

  9. Equilibrar a alimentação com carboidratos de boa qualidade;

  10. Limpar a exposição a substâncias que podem se comportar como desreguladores hormonais (plásticos, por exemplo);


Por ser um tratamento, os resultados mais eficazes podem demorar a aparecer, fazendo com que muitas mulheres abandonem a linha terapêutica por falta de conhecimento ou pela linha muito tênue entre ansiedade e frustração.


É importante que você saiba que a SOP não tem cura, mas é tratável e pode sim te presentear com o seu tão esperado bebê. Não existe comprovação para que nutrientes isolados consigam agir sobre a SOP (ou seja, aquele suplemento milagroso que você viu na prateleira da farmácia), mas as modificações dos hábitos alimentares e de vida podem interferir diretamente na regularização da glicose e insulina, perda de peso e todos os outros fatores já falados aqui anteriormente. E os suplementos, claro, inseridos nesse contexto, se tornam bem vindos.


A perda de peso para quem é diagnosticada nutricionalmente com sobrepeso ou obesidade (IMC > 25 kg/m² + percentual de gordura corporal alto + circunferência abdominal > 80 cm) contribui para o retorno da ovulação e pode diminuir o tamanho e quantidade dos cistos ovarianos, melhorando a eficiência do sistema reprodutor feminino.


Se quiser conhecer a forma como eu trabalho, te convido a clicar aqui. Vai ser um prazer te explicar como funciona o meu acompanhamento para o tratamento natural da SOP!


Ansiosa para te ver florescer,

Nutri Caroline Bilro

 

Prazer! Meu nome é Caroline e sou Nutricionista em Saúde da Mulher desde 2019. Sou apaixonada por mudar a direção da vida das mulheres em relação à Síndrome dos Ovários Policísticos e considero que o meu trabalho não é sobre dietas, mas sobre pessoas. Pessoas que querem gerar outras pessoas.


Instagram @carolinefbilro | Whatsapp: https://bit.ly/3Nyq83U

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